Saiba como a produção de leite se desenvolveu no País
A pecuária foi muito importante para o desenvolvimento da economia colonial e a expansão do território brasileiro. Porém, até meados do século XX, o gado era usado principalmente para tração animal e produção de carne e couro. O consumo de leite tinha caráter secundário, com poucas vacas criadas e mantidas para a produção do alimento.
Muitos avanços foram necessários até que o consumo do leite se tornasse um hábito comum na dieta alimentar da sociedade brasileira. Somente com a criação dos primeiros laticínios, no final do século XIX, e o surgimento de novas tecnologias, a produção de leite começou a se desenvolver.
Mas você já sabe como a produção de leite se desenvolveu no Brasil? Como o produto era produzido e transportado sem refrigeração? A seguir, abordaremos alguns dos principais marcos históricos da produção leiteira no Brasil.
Saiba como começou a produção de leite
Até a abolição da escravatura, o transporte do leite era feito por escravos, em latão. A partir daí, o leite passou a ser produzido por vaqueiros, nas periferias das cidades, e transportado em carroças. Porém, as condições de higiene e qualidade não eram ainda satisfatórias.
A indústria de laticínios teve início no país em Barbacena (MG), no ano de 1888, com a inauguração da Fábrica de Laticínios Mantiqueira, de propriedade do fazendeiro Dr. Carlos Pereira de Sá Fortes. Equipada com maquinários holandeses, a empresa foi pioneira na fabricação de queijos e manteiga no Brasil e na América do Sul.
Entenda como o leite se tornou o alimento mais importante
Na década de 1930, difundiu-se no Brasil uma nova ciência, a nutrição. Ela espalhou entre a população a convicção de que o leite de vaca é o mais importante dos alimentos básicos. A partir daí, com a ajuda de profissionais da saúde, o governo de Getúlio Vargas promoveu um esforço para melhorar o sistema de abastecimento do produto no Rio de Janeiro, capital da República na época.
Em julho de 1940, Vargas assinou decreto estabelecendo a Comissão Executiva do Leite (CEL). O novo órgão tinha dois objetivos principais: reorganizar tecnicamente o sistema de abastecimento para melhorar assim a qualidade higiênica e o sabor do produto; e estimular a produção de leite nas zonas de abastecimento, de modo a satisfazer a crescente demanda e garantir preços acessíveis.
Porém, a Comissão esbarrou em problemas sérios, como a baixa produtividade na maioria das fazendas leiteiras do interior. Com o passar dos séculos, mais precisamente em meados de 1970, a pecuária nacional passou a ser marcada por grandes latifúndios, com caráter extrativista. No entanto, não havia ainda preocupação com investimentos em tecnologia.
Acompanhe o crescimento da produção de leite no Brasil
O Brasil dobrou a produção de leite nos últimos dez anos, tornando-se o terceiro maior produtor do mundo, atrás somente dos Estados Unidos e da Índia.
Em 2018, a produção total de leite no Brasil cresceu 1,6%, alcançando 33,8 bilhões de litros, cerca de 7% do total produzido no mundo. As regiões Sul e Sudeste respondendo, cada uma, por 34% da oferta nacional. O número de vacas recuou 2,9% em relação a 2017, enquanto a produtividade subiu 4,7%, chegando a 2.068 litros anuais por animal.
A produtividade no setor vem aumentando continuamente. De acordo com os dados do Censo Agropecuário, dos 1,6 mil litros por vaca em 2006, a produção passou a 2,6 mil litros por animal em 2017.
Apesar de a produtividade brasileira ainda continuar em patamar relativamente baixo, houve avanços importantes. Atualmente, mais de 350 municípios brasileiros apresentam uma produtividade média superior à da Nova Zelândia, de 4 mil litros por vaca. Em alguns desses municípios, a produtividade atinge volumes acima de 6 mil litros por vaca, o que equivale ao padrão europeu.
Como vimos, a produção de leite começou a se desenvolver no Brasil no final do século XIX e início do XX, com o surgimento dos primeiros laticínios, os avanços tecnológicos e a descoberta do sistema de pasteurização.